Este trabalho consiste em uma pesquisa-intervenção que aborda o protagonismo infantil na América Latina, com o objetivo de pensar, desenhar, propor, implementar e analisar um método participativo para a revitalização e ocupação consciente de espaços públicos degradados, a partir do olhar e da experiência da criança da e na periferia. Partindo de cinco pilares fundamentais, que norteiam e permeiam o trabalho como um todo, o CoCriança, nasce como um projeto de pesquisa, se torna um Método e constitui finalmente um coletivo, que devolve o protagonismo às crianças, como agentes, usuárias e possíveis transformadoras de todos os espaços que estão em volta delas. A saber, os cinco pilares: o Diálogo, a Cooperação, a Educação Socioambiental, a Autonomia e a Liberdade, são colocados como as bases inspiradoras da análise, desenho e implementação de cada processo e resultado do trabalho desenvolvido pelo CoCriança. A primeira experiência coletiva, que ocupa este texto desmembrar, foi efetivada junto com as crianças e a comunidade educativa do Centro da Criança e do Adolescente Elisa Maria, localizado na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. A práxis freiriana, a Metodologia Comunicativa Crítica e Una Escuela Sustentable; servirão como inspiração para desenvolver com as crianças as vozes e as vezes das quais tanto precisam. Serão as ferramentas por meio das quais a pesquisadora consegue incentivar a criança a fazer uso do poder da sua palavra, no processo de se tornar protagonista dos espaços que ela pretende e deve ocupar na esfera pública. Por meio da sistematização de oito oficinas, teremos o Método CoCriança, como principal produto deste trabalho, que consegue tirar a criança das salas de aula e levá-la para as ruas, onde vivencia uma educação integral. A proposta do CoCriança parte do desejo de fomentar a co-responsabilidade de todos os atores sociais e não só das instituições educativas, para com a criança: pois ela deverá ocupar, de forma consciente, os espaços livres da periferia, sendo sujeito e não assujeitada às decisões da vida adulta. A criança, neste método, gera conhecimento a partir da sua própria experiência, pareceres e o próprio olhar sobre a comunidade à que pertence; e consegue resgatar o seu poder de mudar os espaços públicos da periferia –que pretende usufruir-, sem ser mudada de lá.
Mayte Albardia
2019